Por Ricardo Queiroga
Em junho deste ano, foi publicado na revista JAMA Oncology um artigo que compara os resultados da combinação de mamografia associada a exames de ressonância magnética (RM) ou ultrassonografia (US) em pacientes previamente tratadas de câncer de mama. Cabe ressaltar que estas foram submetidas à cirurgia conservadora seguida de radioterapia e a idade do diagnóstico ocorreu aos 50 anos ou menos.
Mulheres tratadas com cirurgia conservadora da mama e radioterapia permanecem com maior risco de um segundo caso de câncer de mama, que pode ser uma recidiva local ou um novo primário. O estudo multicêntrico, prospectivo, observacional, não randomizado, liderado por Woo Kyung Moon, M.D, da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de Seul, República da Coréia, incluiu 754 mulheres. Mamografia, ultrassonografia e RM das mamas foram realizadas, anualmente, em ambas as mamas. A duração do estudo foi de três anos totalizando 2.065 exames. Destes, 752 foram realizadas no primeiro ano, 689 no segundo e 624 no terceiro.
Dentre os critérios de inclusão para o estudo deve-se ressaltar: idade maior que 20 anos e menor que 50 anos no diagnóstico inicial do carcinoma (in situ ou invasivo); margens livres definida como sem tinta no tumor; término da radioterapia seis meses antes do estudo; mulheres sem relato de biópsia seis meses antes do estudo; ausência de metástase ou mastectomia contralateral; gravidez ou lactação em curso.
Os autores relataram que 17 casos de câncer foram diagnosticados em 17 mulheres (2,3%): 12 no primeiro ano, três no segundo e dois no terceiro. Todos foram detectados por um dos três métodos de imagem. Nenhum caso foi descoberto através do exame físico, ou durante o intervalo entre os exames ou até 12 meses após término do mesmo. Dos 17 casos, 10 (58.8%) localizavam-se na mama ipsilateral, 7 (41,2%) na contralateral, e 13 (76,5%) eram do estadio 0 ou 1. Um caso (5,9%) apresentava micrometastases, e 10 (58,8%) eram carcinoma invasivo com tamanho variando entre 10,5-14,5 mm. Outro ponto a ser destacado foi o grau de agressividade tumoral, 12 (70,6%) eram receptores de estrogênio/progesterona negativos e/ou receptores HER2 positivos.
A adição da RM no rastreio associado a mamografia detectou 3,8 cânceres adicionais por 1.000 mulheres quando comparado a mamografia isoladamente e a adição de ultrassonografia à mamografia detectou 2,4 cânceres adicionais.
Limitações ao estudo incluem: ausência do grupo controle para comparação com mulheres submetidas à mamografia isoladamente; 17 mulheres eram BRCA positivas, e duas destas tiveram câncer novamente, o que pode ter superestimado os resultados. Os autores também não puderam avaliar a relação custo-eficácia e o efeito do rastreio usando ressonância magnética ou ultra-sonografia em benefício de sobrevida livre de doença.
“Após terapia conservadora de câncer de mama, em mulheres com 50 anos ou menos, a adição de ressonância magnética ao rastreio mamográfico anual melhora a detecção de câncer de mama em estágio inicial, com especificidade aceitável, principalmente em tumores biologicamente agressivos. Resultados deste estudo pode nortear a tomada de decisão do paciente sobre os métodos de triagem após terapia conservadora mamária.”, conclui o artigo.
Opinião pessoal: RM pode ser uma ferramenta útil em pacientes jovens (<50anos) com tumores triplo negativos ou HER2 positivo, BRCA positivas, principalmente no primeiro ano pós tratamento conservador.