Por Dra. Sabrina Chagas
Como está o seu olhar para o paciente? Computador, prescrições, exame físico, pedidos de exames, burocracias, tudo em uma única consulta de 20 minutos com uma fila aguardando lá fora. As pessoas têm pressa. E o paciente? Você está atento a ele?
Já na introdução do livro “Como os médicos pensam”, Jerome Groopman alerta que os médicos interrompem seus pacientes, em média 18 segundos após eles começarem a contar suas histórias. Há de fato algo errado na relação médico-paciente.
Estamos acostumados a dar repostas comuns para perguntas comuns. Precisamos ir além! Há tempos vemos que o modelo que vinha sendo adotado, aonde o médico se coloca num andar acima, não tem mais espaço. Hoje, vemos grandes empresas mudando suas abordagens, adotando uma postura centrada no cliente.
O marketing também se voltou para o atendimento das mudanças de comportamento dos consumidores, buscando melhorar a relação com o cliente através de ações mais humanizadas e que permitam experiências que despertem sentimentos, crenças e valores individuais.
Na saúde, vemos que os pacientes chegam à consulta sabendo bem o que procuram. São inúmeros os médicos com boa qualidade técnica, mas quando não há uma conexão entre ambos, todo o processo estará perdido.
As mídias digitais fizeram com que o nosso público tenha acesso a cada etapa de seu tratamento. Quando sentam à nossa frente, sabem tudo- ou acham que sabem- que virá a seguir. Mas o que procuram então?
O paciente precisa ser ouvido. Que tenhamos a escuta ativa, que nos permita entender aonde estão seus medos e ansiedades, para que a partir daí consigamos caminhar juntos nas tomadas de decisões. Sim, juntos. Eles querem fazer parte do processo.
O paciente quer se sentir à vontade para perguntar sobre questões que estão através do trivial. Ele também quer falar sobre suas crenças, a adoção de tratamentos alternativos e seus hábitos de vida. Nós temos que saber que a espiritualidade é um apoio importante ao paciente. Entender que ao mostrarmos nosso respeito e algum entendimento desse aspecto, estaremos acolhendo o outro.
Entre 40-80% dos pacientes usam terapias alternativas. Há um enorme desconhecimento na área médica sobre o que é alternativo e o que é complementar. A medicina integrativa, por exemplo, é complementar, totalmente baseada em evidências e faz uso de abordagens terapêuticas e de estilo de vida, para se obter o melhor da saúde e da cura.
Temos que navegar bem entre os dois lados, para sinalizar o que não é comprovado e maléfico e apoiar o que pode agregar.
Por fim, estamos falando de Humanização na saúde, que nada mais é do que associar o altruísmo e a bondade à nossa prática diária. Para além do acolhimento, valorizarmos as pessoas em sua individualidade.
Dra. Sabrina Chagas é da Oncologia D'Or e do Nosso Papo Rosa. Ela pode ser encontrada em www.drasabrinachagas.com.br e www.nossopaporosa.com.br*