Tecido adiposo pode impedir o efeito da radioterapia em pacientes com câncer de mama

Por Ricardo Queiroga

De acordo com pesquisa publicada no jornal da FASEB (Federação das Sociedades Americanas para Biologia Experimental) em maio de 2017, a irradiação repetida no tecido adiposo da mama produz uma resposta inflamatória que, em última instância, reduz a eficiência da radioterapia em pacientes com câncer de mama. Esta pesquisa baseou-se em uma descoberta recente de que existe uma interação inflamatória entre tumores mamários e tecido adiposo.

 

“Pacientes freqüentemente recebem um total de 25 sessões, diárias, de radioterapia em toda a mama após o tratamento cirúrgico. Esta medida visa garantir que todas as células restantes de câncer de mama sejam destruídas”, disse David N. Brindley, Ph.D., professor no Departamento de Bioquímica da Universidade de Alberta do Canadá. Durante este tratamento, o tecido adiposo libera autotaxina, uma enzima que inicia uma resposta de cicatrização de ferida. Esta resposta acaba protegendo as células cancerosas remanescentes, permitindo que os tumores se estabeleçam e resistam ao tratamento.

 

Para testar essa idéia, Brindley e colaboradores expuseram o tecido adiposo de ratos e humanos às doses de radiação esperadas durante a radioterapia. A radiação produziu um aumento na autotaxina e uma resposta inflamatória de cicatrização de feridas. Os pesquisadores identificaram vários agentes que poderiam ser usados para bloquear a inflamação e diminuir a resposta de cicatrização de feridas, o que eles esperam que possa melhorar a eficácia da radioterapia.

 

“Esta é uma descoberta potencialmente importante em relação à eficácia da radioterapia no câncer de mama”, disse Thoru Pederson, Ph.D., editor chefe do The FASEB Journal.