Inteligência Artificial e Telemedicina: como isso funciona?

 

 

 

 

Por Dra. Maria Júlia Calas

A Inteligência Artificial (Artificial Intelligence – AI) é uma área de pesquisa da Ciência da Computação, que desenvolve dispositivos tecnológicos e mecanismos capazes de reproduzir a capacidade do ser humano de pensar e resolver problemas, ou seja, a inteligência, o ser racional. A chamada machine learning (‘inteligência dos computadores’), aplicada à saúde, trouxe inúmeros benefícios!

A telemedicina é uma das áreas que avançou bastante com os recursos da inteligência artificial. Com o uso de tecnologias de informação, que agregam qualidade e velocidade na troca de conhecimento, os médicos podem monitorar pacientes, trocar informações médicas e analisar resultados de diferentes exames, tomando decisões com maior agilidade e precisão.

De acordo com definição do CFM, a Telemedicina é o exercício da medicina mediado por tecnologias para fins de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças e lesões e promoção de saúde.

Os serviços prestados via telemedicina deverão ter a infraestrutura tecnológica apropriada e obedecer as normas técnicas do CFM, que atenda integralmente aos requisitos do Nível de Garantia de Segurança 2 (NGS2), pertinentes à guarda, manuseio, transmissão de dados, confidencialidade, privacidade e garantia do sigilo profissional. Assinatura eletrônica somente mediante por meio de certificados e chaves emitidos pela ICP-Brasil (Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira). Farmácias que disponham de recurso para realizar a consulta ao original em formato eletrônico podem considerar o documento válido. Com relação a atestados médicos; o documento deverá conter: a identificação do médico, incluindo nome e o número do CRM; identificação e os dados do paciente; registro de data e hora; e o prazo de duração do atestado.

Clique no link abaixo e acesse a resolução CFM NO 2.227/18:

https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2018/2227

Muitos questionamentos surgem sobre essa prática, tendo sido alvo de polêmicas entre os contrários e os favoráveis, representando uma nova forma de trabalho para todo o setor da saúde.

O lado negativo, mais imediato e visível, é a falta de contato pessoal com o médico e a eventual falta de proteção, guarda e segurança de informações sigilosas, inclusive, do prontuário e do paciente, o que pode significar o aumento de demandas judiciais e ações de reparação de danos. Daí a importância de utilizar plataformas e aplicativos seguros. Muitos ainda têm receio de que a telemedicina se torne a norma e que todos os serviços médicos passem a ser prestados à distância, sem qualquer contato direto com o paciente. No entanto, a ideia não é substituir e sim complementar o atendimento médico.

O lado positivo da telemedicina é, sem dúvida, tornar a saúde acessível ao maior número de pessoas, em qualquer tempo e lugar, reduzindo de forma significativa o tempo e os custos de deslocamento de pacientes, além de propiciar contato com profissionais de diversas outras especialidades. Para o sistema de saúde, há uma descentralização da assistência, reduzindo a procura por especialistas e hospitais logo no início do atendimento, seja na prevenção como no tratamento das doenças.

Para os médicos, e outros profissionais de saúde, há a chance de participar de programas educacionais de qualquer lugar do país, além da possibilidade de contar com o apoio de outros colegas na hora de tomar decisões, com uma maior troca de informações entre os serviços de saúde, contribuindo para a integração de pesquisas clínicas. Pode-se citar ainda como vantagens a ampliação do contato entre médicos e pacientes; diminuindo o deslocamento desnecessário de pacientes a hospitais e grandes centros urbanos; facilitando a realização de exames, que podem ser feitos em clínicas e postos de saúde. Com relação aos exames de imagem, ocorre uma melhora na qualidade dos laudos emitidos por especialistas, agilizando a entrega dos mesmos, possibilitando o diagnóstico e o início de um provável tratamento mais rapidamente.

Dessa forma, a telemedicina se apresenta como uma forma de transpor barreiras culturais, socioeconômicas e, principalmente, geográficas, para que os serviços e informações em saúde cheguem a toda população.

 

AS FRENTES DA TELEMEDICINA:

No documento do CFM assim como a nova Portaria n.º 467/2020, do Ministério da Saúde, passam a ser permitidas as seguintes modalidades de telemedicina:

Telemonitoramento ou teleassistência: O foco da comunicação está no paciente e no seu bem-estar. O paciente é monitorado em seu próprio domicílio ou em um centro de saúde local, por um profissional de saúde que se comunica com outros profissionais à distância, como por exemplo assistência a pacientes crônicos, gestantes de alto risco e idosos.

Teleinterconsulta ou teleconsulta: Pode ser feita entre médicos, quando um clínico geral busca assistência de um especialista, como uma segunda opinião no diagnóstico, de um medicamento, ou até mesmo orientações ao vivo sobre a realização de um procedimento. Outra forma, é a consulta online, feita diretamente entre médicos e pacientes.

Teleducação: Aplicada em diferentes setores, mas no caso da medicina, o foco é capacitar o profissional de saúde que está longe dos grandes centros, buscando atualizá-lo e prepará-lo para diversas situações da prática médica. Para atingir esse objetivo, utilizam-se videoconferências, aulas ou cursos on line, palestras, e-learning e programas de reciclagem.

Emissão de laudos à distância: Este é um dos ramos que mais cresce no Brasil.   Por meio dessa tecnologia, o exame pode ser realizado em qualquer lugar e laudado por especialistas conectados à internet, facilitando o acesso aos melhores médicos do país.

Hospitais, clinicas, centros de referência, públicos ou privados, assim como médicos em consultórios podem se adaptar a estes recursos. Existem várias plataformas, pesquise e escolha a que mais se adapta ao seu trabalho.

Como a telemedicina pode ajudar durante a pandemia atual?

A ideia é tentar reduzir a procura por outros atendimentos, permitindo que os hospitais cuidem dos pacientes infectados com COVID-19 e casos de urgência e emergência, além de evitar potencial exposição desnecessária ao Coronavírus. Outros tipos de atendimentos podem ser esclarecidos pela assistência remota, sem a necessidade de uma consulta presencial. Além disso, a ferramenta pode ser utilizada para monitoramento de pacientes confirmados com a COVID-19, que estejam em isolamento domiciliar.

Dra. Maria Júlia é Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Rio de Janeiro, é Staff Radiologia Mamária Grupo DASA e pode ser encontrada em @dramariajuliacalas ou www.nossopaporosa.com.br