RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA

Pesquisas reforçam a necessidade do rastreamento do câncer de mama

Dra. Fabíola Kestelman, Dra. Gabriela Martins e Dra. Marcela Balaro

A Sociedade Norte Americana de Radiologia realiza todos os anos em Chicago o maior fórum de radiologia, com aproximadamente 55.000 participantes. Além do evento, esta sociedade publica dois periódicos, a Radiology, revista de maior impacto na Radiologia (6.798 IF), e RadioGraphics, a única revista dedicada à educação continuada na área, contando com artigos de revisão.

De 26 de novembro até 2 de dezembro ocorreu o 102o encontro anual RSNA. Além da atualização científica e tecnológica foram discutidos temas controversos e relevantes a exemplo do rastreamento do câncer da mama.

Em relação ao rastreamento de paciente de alto risco, sob a orientação do Dr. Ritse Mann, foi apresentado pela Dra. SuzanVreemann um trabalho que avaliou a mamografia comparando com a ressonância magnética como método de rastreamento em pacientes com  risco alto e intermediário para câncer de mama. Foram avalizadas 2776 mulheres, sendo identificados 179 tumores, 13 destes foram identificados na mamografia, na sua maioria carcinoma “in situ” e o restante foi identificado somente pela ressonância magnética. A conclusão deste estudo enfatiza a limitação da mamografia no rastreamento de mulheres de alto risco, principalmente abaixo de 40 anos e portadora de mutação do gene BRCA.

Sobre esse mesmo tema, a Dra. Constance Lehman é autora de um estudo que comparou o rastreio com tomossíntese e ressonância magnética ao rastreio com mamografia digital e ressonância magnética.A pesquisa teve como resultado que a tomossíntese não demonstrou benefício em relação a mamografia digital nas pacientes de alto risco, corroborando que a ressonância magnética continua sendo a modalidade de rastreamento mais importante nas pacientes de alto risco.

Outro item muito discutido é o rastreamento com tomossíntese, de mulheres com risco normal para câncer de mama. Além de trabalhos mostrando o impacto do método na sensibilidade do rastreamento, foram apresentandos trabalhos mostrando a influência na redução da variação entre observadores, uma limitação importante na avaliação de exames. A Dra. Elizabeth Dibble da Universidade de Brown e colaboradores pediram a dois radiologistas de mama e dois pesquisadores de mama para interpretar um conjunto de mamografias digitais e um conjunto de exames de tomossíntese, avaliando se as distorções arquiteturais estavam presentes.  O grupo mostrou que a tomossíntesediminuiu a variabilidade do interobservador e aumentou a confiança do leitor em detectar distorções arquiteturais. O tema rastreamento esteve muito presente no evento, como era de se esperar, considerando diversas controvérsias atuais. Mais uma vez as pesquisas apresentadas reforçaram a necessidade do rastreamento do câncer de mama.